sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Signs (2002)


Já no clima de "The Last Airbender", esperando mais um ótimo trabalho desse diretor que já realizou grandes projetos como "The Sixth Sense" e "The Village", há algumas semanas vi, hoje revi e então comprovei o que ainda não tinha constatado: Apesar de ser um enredo pobre e batido, "Sinais" possui grandes qualidades técnicas e um processo de criação realmente incrível, que o faz quase que completamente livre de falhas ou fatos absurdos e sem explicação, o que o torna um filme que vale muito a pena assistir se você se liga em tais pontos.
Contato direto com vida extraterrestre, OVNIs, seres interplanetários e coisas relacionadas, tudo é coisa que muito atrai os estadounidenses desde sempre, mas Shyamalan conseguiu tratar de tal assunto de uma maneira tão inovadora que até quem não se impressiona com coisas do tipo, como eu, para causar terror, sente certo desconforto com os takes realizados no decorrer do longa.
Evidenciando vultos relacionados às imagens das criaturas, tirando grandes detalhes da linha de alcance do vídeo e se preocupando principalmente com um suspense consistente sem terror gratuito para os espectadores, ele combinou a sua grande habilidade como diretor à sua grande habilidade como roteirista, e criou um filme contrário ao que esperava a crítica: o que era pra ser mais um blockbuster sem conteúdo provindo de estúdios norte-americanos, superou as expectativas de um grande público e mereceu, e ainda merece, uma atenção especial de quem vê.
É um filme muito polêmico que mostra a história do pastor Graham, interpretado por Mel Gibson, perdendo a fé e a vontade de continuar em tal cargo por presenciar sua esposa em seus minutos finais, após um acidente causado por um motorista adormecido no volante, no filme interpretado pelo próprio Shyamalan.
Graham e seu irmão Merril, feito por Joaquin Phoenix, são fazendeiros, ou pelo menos algo do tipo, pois moram numa casa no meio de uma plantação de milho da qual cuidam. Juntos de sua família, composta por mais dois membros, Morgan e Bo, levam uma vida simples e sem excedências, porém possuem um "fantasma" do passado em suas vidas, relacionado à morte de Colin, esposa de Graham, fato esse que no âmbito do filme ocorreu há algo em torno de 6 meses.
Estranhos símbolos, da noite pro dia, apareceram na plantação da família e coincidentemente em outras plantações no mundo todo, causando um certo tipo de dúvida em relação à origem dos mesmos, e as pessoas começavam a se perguntar: "Será que os alienígenas invadiram a terra?", "Será que é só um bando de moleques sem mais nada de útil pra fazer causando esse alvoroço todo?". Em meio a tanta dúvida e discussão, fatos como aparições de seres estranhos, luzes ininterruptas no céu à noite, comportamento estranho de animais e captação de frequências vocais que mais parecem um tipo de dialeto alienígena, tudo começa a se confirmar cada vez mais para as pessoas e a causar uma certa histeria na população.
O filme inteiro é interessante por conter certos acontecimentos que à primeira vista são banais e desimportantes, mas à medida que as coisas vão acontecendo, no fim do filme o espectador percebe que tudo foi importante para um melhor entendimento, e vê que qualquer menção ou fato simples que o filme poderia conter foi super necessário.
Sem dúvida é um filme bem bolado, e tanto a criatividade quanto a competência do diretor não podem ser contestadas, pois ele conseguiu fazer algo aparentemente ridículo e sem explicação, a não ser para ufólogos e outros tipos de estudiosos, parecer uma coisa interessante, pertinente e livre de qualquer aspecto grotesco que poderia pairar próximo ao assunto. Ele consegue arranjar todos os fatos da trama em um punhado só, não deixando lacunas, fazendo as coisas serem interligadas com perfeição, tal como os núcleos de tele-novelas (que comparação ridícula, eu sei), e dá explicações plausíveis às coisas absurdas que se referiam a tal assunto.
Em plena sexta-feira 13, fica essa ótima dica a quem quiser assistir um bom filme de Suspense/Terror, tendo em vista que é raro tal acontecimento no mundo do cinema. Recomendo!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Requiem For A Dream (2000)


Dos mistérios da cabeça de Darren Aronofsky para a tela do cinema, este filme conta uma história intrigante, forte, porém pertinente, de um mundo que parece longe de nossa realidade, mas se levarmos em conta os dias que seguem, o cotidiano de dependentes químicos é mais comum a nós do que pensamos.
Harry (Jared Leto) é um jovem viciado, criado numa família completamente desestruturada, cuja chefe da mesma é uma senhora alienada por programas televisivos, que não tem perspectiva nenhuma de vida, e apenas faz suas atividades de praxe, corriqueiras, enquanto espera em paz, e na monotonia, o resto de seus dias terminarem. Esta é Sara Goldfarb.
Ellen Burstyn, que representa Sara no filme, desenvolve um papel tão perfeito e envolvente que, ao longo do filme, o espectador acaba sofrendo com as suas desgraças e ficando mal por todo o sofrimento que é posto em cena sentido pela personagem, fazendo com que esse seja um dos pontos que levaram a atriz à indicação do Oscar de Melhor Atriz no ano de 2001.
Certa hora do filme (essa foi uma das cenas que me marcaram muito), quando Harry descobre que sua mãe, Sara, está tomando pílulas à base de anfetamina para emagrecer, pois ela queria muito caber em um vestido vermelho antigo para aparecer no programa de televisão que tanto via e então fora convidada a participar, ele discute com ela e diz que aqueles remédios farão com que ela se vicie, pois já dava pra perceber os efeitos colaterais do mesmo, como aquele irritante "range-range" que fazia com os dentes. Ela, então, casta, inocente e muito sofrida, solta uma frase inesquecível, memorável, algo do tipo de: "Não me importo com isso, o que importa é que estou me sentindo bem, estou me sentindo viva, ótima! Seu pai, Seymour, morreu e você me deixou, pra viver sozinho com seus amigos, ter sua vida, suas experiências, e a oportunidade de aparecer nesse programa me deu um gás a mais, me incentivou a querer emagrecer, a dormir e acordar todos os dias esperando algo sólido, sem que eu ficasse aqui só fazendo as mesmas atividades, lavando a louça, fazendo a cama, pra ninguém. Eu faço, mas pra quem? Não tinha necessidade de nada disso, já que eu sou sozinha, te peço que entenda, meu filho, apenas entenda."
É um filme bem consistente e realista, uma obra-prima que mostra que antes de terminar, a vida de pessoas sem perspectiva, como o quarteto principal (que além de Jared Leto e Ellen Burstyn, ainda tem Marlon Wayans e Jennifer Connelly), tem um fim terrível e angustiante que faz com que eles tenham que viver sem o resto de sua dignidade e com uma sobrevida vergonhosa para quem observa.
Esse é um ótimo filme que eu com certeza recomendo!