
Dos mistérios da cabeça de Darren Aronofsky para a tela do cinema, este filme conta uma história intrigante, forte, porém pertinente, de um mundo que parece longe de nossa realidade, mas se levarmos em conta os dias que seguem, o cotidiano de dependentes químicos é mais comum a nós do que pensamos.
Harry (Jared Leto) é um jovem viciado, criado numa família completamente desestruturada, cuja chefe da mesma é uma senhora alienada por programas televisivos, que não tem perspectiva nenhuma de vida, e apenas faz suas atividades de praxe, corriqueiras, enquanto espera em paz, e na monotonia, o resto de seus dias terminarem. Esta é Sara Goldfarb.
Ellen Burstyn, que representa Sara no filme, desenvolve um papel tão perfeito e envolvente que, ao longo do filme, o espectador acaba sofrendo com as suas desgraças e ficando mal por todo o sofrimento que é posto em cena sentido pela personagem, fazendo com que esse seja um dos pontos que levaram a atriz à indicação do Oscar de Melhor Atriz no ano de 2001.
Certa hora do filme (essa foi uma das cenas que me marcaram muito), quando Harry descobre que sua mãe, Sara, está tomando pílulas à base de anfetamina para emagrecer, pois ela queria muito caber em um vestido vermelho antigo para aparecer no programa de televisão que tanto via e então fora convidada a participar, ele discute com ela e diz que aqueles remédios farão com que ela se vicie, pois já dava pra perceber os efeitos colaterais do mesmo, como aquele irritante "range-range" que fazia com os dentes. Ela, então, casta, inocente e muito sofrida, solta uma frase inesquecível, memorável, algo do tipo de: "Não me importo com isso, o que importa é que estou me sentindo bem, estou me sentindo viva, ótima! Seu pai, Seymour, morreu e você me deixou, pra viver sozinho com seus amigos, ter sua vida, suas experiências, e a oportunidade de aparecer nesse programa me deu um gás a mais, me incentivou a querer emagrecer, a dormir e acordar todos os dias esperando algo sólido, sem que eu ficasse aqui só fazendo as mesmas atividades, lavando a louça, fazendo a cama, pra ninguém. Eu faço, mas pra quem? Não tinha necessidade de nada disso, já que eu sou sozinha, te peço que entenda, meu filho, apenas entenda."
É um filme bem consistente e realista, uma obra-prima que mostra que antes de terminar, a vida de pessoas sem perspectiva, como o quarteto principal (que além de Jared Leto e Ellen Burstyn, ainda tem Marlon Wayans e Jennifer Connelly), tem um fim terrível e angustiante que faz com que eles tenham que viver sem o resto de sua dignidade e com uma sobrevida vergonhosa para quem observa.
Esse é um ótimo filme que eu com certeza recomendo!