
Acabei de assistir ao filme, e inúmeras conclusões e comentários vieram de repente à minha cabeça. Este está longe de ser um filme excepcional, mas é bom, e muito interessante, e tem atuações muito válidas, apesar de certas falhas.
É um roteiro baseado numa história criada pelo diretor Alejandro Iñárritu e seu então parceiro Guillermo Arriaga, que mostra 4 histórias acontecendo em ordens não-cronológicas, em 4 partes diferentes do mundo: Japão, Marrocos, México e Estados Unidos.
Brad Pitt e Cate Blanchett são os protagonistas da trama em uma parte do Marrocos. Gael García Bernal atua como Santiago, sobrinho da babá dos filhos de Brad e Cate, interpretada por Adriana Barraza. Rinko Kikuchi e Koji Yakusho são o cast principal do Japão. E na segunda trama ocorrida no Marrocos, os protagonistas são atores amadores locais.
Achei um filme meio sem propósito, apesar de ter um clima bem pesado e tocante, que instiga o espectador, o faz sentir aquele clima de tristeza, mas que logo é quebrado e o faz perder (pelo menos comigo foi assim) o foco, pois indagamos: "Qual a importância dessa história?". Perguntamo-nos o porquê daquilo à toda hora, e olha que nem é preciso pensar muito durante o filme para concordar comigo.
Com um drama sempre intercalado por aflição e logo em seguida dúvida, preparamo-nos para sequências bem trágicas, pois a atmosfera e a impressão que o filme nos causa, induz a pensar assim, mas a consistência dramática nas histórias é que faz o filme pecar, e talvez tenha sido um dos fatores que não o fez concorrer de forma mais justa com The Departed do Scorsese no Oscar de 2007.
As estrelas do filme (Gael, Brad e Cate) estão ótimos, realmente, e a direção de Iñárritu também está muito boa. Fotografia, locações e até mesmo a continuidade do filme (a partir do roteiro, é claro) são muito boas, mas é a continuidade na história de origem que foi feita de maneira errada.
Filmes como esse, imaginamos no final tirar alguma lição a respeito e não ficar esperando algo mais, explicação do que não ficou claro, fatos a se concluírem. Não me julguem por eu ter esperado o óbvio de um filme do tipo, porque essa não é uma questão de ignorância, e sim uma questão de bom senso, mas é que sem o óbvio já imaginado, a trama fica repleta de lacunas no seu decorrer.
A intensidade das atuações, a falta de foco detalhado, o drama para os clímaxes de cada história, e a mensagem (que até agora acho não existir) foram feitos de forma errada. Não de forma a qual eu não esperava, foram feitos de forma errada, mesmo. Porque por diversas vezes eu comento: "Adorei o filme, muito bom mesmo, mas se eu tivesse a oportunidade, faria diferente." E não foi esse o caso, pois me decepcionou.
Em momento algum disse que é um filme ruim, mas sim quis dizer que é um filme meio morno, por ausência dos pontos antes citados. Pois em vez de o terem rodado dessa forma, digo "drama por drama", sem inferência além na obra, poderiam ter criado uma coisa altamente relevante, pois é uma história criativa, e uma produção que contou com o apoio de grandes atores que poderiam incrementar ainda mais.
Poderiam ter interligado as histórias, atribuído um valor emocional, porém inteligente, maior. Poderiam ter usado de uma variedade de sentidos possíveis a partir simplesmente do título do filme, já que Babel remete-nos à história da construção da torre, que, após dar errado, ocasionou na diversidade lingüística, que é apresentada no filme pela presença de 4 idiomas distintos.
Seria genial, seria único, talvez ficasse para a história. Havia diversas formas inovadoras para realizar a trama, mas nenhuma foi sequer cogitada, não pelo que parece, não pelo que eu vi.
Iñárritu errou, mas não deixa de ser um ótimo diretor, que realizou um bom trabalho neste filme e contou com a participação de ótimos profissionais apoiando-no, mas se eu tivesse que dar uma nota, seria um apagado 7,5. Nada a mais, nada a menos.