quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Black Hawk Down (2001)


Um grande conflito levado às telas do cinema. Diria, no mínimo, impressionante. Black Hawk Down é uma obra-prima em movimento, mostrando que Ridley Scott merece ocupar o lugar que ocupa na elite dos diretores de cinema, dando porquês dessa constatação em fatos convincentes, que evidenciam tal.
Durante a guerra civil da Somália tropas estadunidenses invadem a capital Mogadíscio para combaterem grupos rebeldes respaldados por um regime doentio instaurado por Mohamed Farrah Aidid, mas o que deveria ser uma operação rápida e simples, sai completamente do eixo de controle e toma proporções catastróficas, tornando-se uma cansativa e desnecessária batalha de 15 horas de duração, com grandes baixas para ambos os lados.
Pouco a se falar sobre a história. Um roteiro consistente, apesar do nem tão consistente aprofundamento no acontecimento em si, mas é perceptível que o que se passa na tela é bem eficaz, e dá um sentido claro ao conflito, levando o espectador a assimilar toda a problemática do filme em seus diversos aspectos. Ken Nolan está de parabéns.
Uma ótima continuidade. Com a frenesi que acompanha o filme parece meio difícil, mas é possível perceber que os fatos acontecem numa linha racional, não deixando a intensa troca de câmeras e pontos de vista afetar o tempo cronológico, melhorando ainda mais a obra. E uma grande criatividade, até mesmo em detalhes de takes que poderiam passar desapercebidos, mas Ridley Scott lembrou-se de deixar seu selo de excelência ao rodar este roteiro, até mesmo nos pontos mais minuciosos.
Fotografia. Esse foi um dos fatores que me chamou mais atenção no filme. Slawomir Idziak realizou um dos trabalhos de direção fotográfica mais primorosos que eu já vi na vida, brincando com a saturação de cores, com a iluminação e deixando cada vez mais complexo o seu trabalho. Complexo e maravilhoso, diga-se de passagem.
Às vezes uma fotografia neutra, com iluminação natural e artificial em níveis bem próximos, mostrando as cores e sensações literais do acontecimento. Às vezes, bem complexa. Mistura de tons, mudança de temperatura cromática e uma certa instabilidade - proposital - nas cores (somadas ao grande trabalho de efeitos visuais, de montagem e de direção, claro) foram aspectos cruciais para a absorção do sentimento necessário em cada cena, e isso, com certeza, foi desempenhado com maestria.
Outra coisa que me chamou muita atenção foi o elenco. Acho que não poderia haver escolha melhor para esse filme. Talvez tenha sido uma espécie de compensação pela falta de aprofundamento na história, mas a equipe de produção fez com que um elenco misto de grandes estrelas e de atores de nem tanta expressão assim fizessem participações com importância equivalente, deixando a homogeneidade na trama interessante e envolvente.
Dois Oscars: Melhor Som e Melhor Edição. Merecidíssimos, é claro. A soma das frenéticas mudanças de ponto de vista à mixagem e edição do som de balas de diferentes armas e explosões em diferentes ambientes formaram uma combinação, me arrisco a dizer, perfeita e emocionante, para os amantes do cinema, mostrando que nem só de injustiça se sustenta o Oscar, competência também é premiada, como nesse caso.
Ridley Scott mostrou o porquê de ter ganhado o prêmio de Melhor Diretor no ano anterior, representando muito bem suas qualidades na regência deste grandioso projeto. Está de parabéns.