terça-feira, 23 de agosto de 2011

The Tree Of Life (2011)


Após um hiato de 6 anos sem lançar nada como diretor, Terrence Malick volta às telas e à mídia com o religioso e polêmico longa que lhe rendeu um dos prêmios mais cobiçados na indústria do cinema: o Palma De Ouro em Cannes. Com Sean Penn, Brad Pitt e Jessica Chastain no elenco, Malick realizou um ótimo trabalho, tanto como diretor quanto como roteirista, porém cometendo alguns erros bestas, que fariam do filme um marco maior ainda na história do cinema se não existissem, e agora vocês saberão o porquê disso.
A trama passa-se na década de 50, e mostra a história do menino Jack O'Brian e sua trajetória de vida, desde o momento em que um de seus irmãos morre (acontecendo no início do filme e dando vazão à uma idéia de que pode ter sido por causa disso, somado a outros inúmeros fatores, o porquê dele ter tido uma relação tão complicada com seu pai) até sua vida adulta, quando o realizador mostra-o um adulto transtornado e sofrido vivido na pele de Sean Penn.
O filme é bastante complicado como um todo, pois as cenas são feitas unicamente apresentando ações, livres de falas ou acontecimentos mais concretos e esclarecedores. Sempre a troca de opiniões e idéias é dada por sequências ínfimas de dizeres, acompanhadas por muita atuação e gesticulação, e foi aí que o diretor cometeu seu primeiro erro: designou papéis importantíssimos para a síntese da obra à pessoas desqualificadas para tais, como Jessica Chastain e Hunter McCracken.
O garotinho (Hunter) que protagoniza o drama, é extremamente amador para a imensidão e conceito em que o filme se encontra e a profundidade que o papel requere, não tendo a experiência e o talento devido para interpretar o problemático Jack, deixando a desejar certas sequências que deveriam ser muito mais marcantes e tocantes, fazendo o filme deixar uma lacuna que realmente faz a diferença no final de tudo.
Jessica Chastain. Quem é ela? Não sei como foi a sua atuação nas várias séries ou nos outros dois filmes dos quais participou (ela atuou em outros longas, porém ainda não-lançados), mas me pareceu que ela se esforçou tanto para ser natural nas cenas de sofrimento e pesar - cenas essas que desempenhou com êxito, deixo bem claro - que nas que deveriam ser mais fáceis de fazer, ela parece que ligou o "modo robótico" e fez. Correria e brincadeira, sorrisos e gargalhadas, um passar de mão na cabeça como quem sente orgulho do filho que tem, pareceu-me meio forçado, quando fora designado à ela para se fazer, e em meio à monotonia que o filme abriga, é fácil de perceber pequenos descuidos como esses, quando se está atento.
Um roteiro extremamente complicado. Assim posso chamá-lo. Pois não é qualquer pessoa que "digere" a idéia e entende o sentido geral do filme, principalmente pelo fato da película não conter muitas cenas com falas que expurguem-no - como já dito antes - deixando assim algumas dúvidas na cabeça dos menos atentos. A ausência de trilha sonora em boa parte da obra é também um fator agravante, pois é um filme que se dá, eu diria que, 90% de percepção e sensibilidade, unicamente pelo que está sendo apresentado, e para um espectador paciente e sensitivo, a pungência das sequências se dá ao fim, quando maravilhosos, criativos e bem compostos trechos de música clássica, feitos por Alexandre Desplat, entram em cena dando o toque requintado necessário.
Outra coisa que me chamou atenção e que considerei um deslize enorme por parte do diretor foi o fato dele possuir uma das maiores personas que já passaram pelo cinema, viva em seu elenco, e não ter usado com sabedoria seu talento. Falo de Sean Penn. Um ator consagrado. Extremamente talentoso. Malick, por que não usufruiu da habilidade dele para preencher as pequenas lacunas (pequenas, mas bem perceptíveis) existentes no filme? Essa é uma pergunta que nunca vou saber responder.
O enredo é extremamente relevante e pertinente. Religião. Família. Vida. Mostra o crescer e o envelhecer de um ser humano e suas inúmeras atividades corriqueiras decorrentes da rotina que leva. Mostra as dificuldades que se tem quando enfrentamos a perda de um ente querido, um irmão, logo na infância, e filosofa as peculiaridades do universo lado a lado com o dilema da existência de um Deus maior que rege e ordena o mundo e o porquê das coisas precisarem ser do jeito que são. Atuações maravilhosas, fortes, dos grandes nomes, como Brad Pitt e Sean Penn - Sean apesar de não ter sido muito usado, interpretou muitíssimo bem, como de praxe -, e algumas boas, até mesmo dos pouco experientes contidos no elenco, mas conversando com um amigo, cheguei à uma conclusão: o filme poderia ter contado e passado toda a mensagem sem precisar ter ao menos 1/3 de toda o desenrolar técnico da produção, podendo ter sido até mais agradável e de mais fácil compreensão para o espectador. É um ótimo filme, mas poderia ser melhor.

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